Como
dito em outra postagem sobre gravidez, o corpo da mulher se prepara para o
parto no momento em que foi fecundado. Vários hormônios vão atuar para preparar
o corpo para esse momento. Por exemplo, o estrogênio vai relaxar os ligamentos pélvicos,
assim as articulações sacroilíacas vão ficar maleáveis e a sínfise púbica elástica
para facilitar a passagem do bebê no canal de parto, isso tudo junto ao aumento
da vagina, que por si só tem um tecido elástico. Porém o estrogênio sempre
ficará diminuído em relação a progesterona, porque este último hormônio é que
mantém o bebê.
Durante
a gravidez a mulher tem contrações, que chamam de contrações de treino ou de
Braxton Hicks. Pode ocorrer inclusive o falso trabalho de parto, onde a mulher
começa a ter contrações mais fortes, rítmicas e depois involuir. Isso é natural
e não há problema algum para saúde da mulher e do bebê. Óbvio, que ninguém vai
ficar em casa achando que é um falso trabalho de parto. Mas não se frustre se
as contrações pararem e mandarem você pra casa.
Próximo
do término da gravidez, o útero começa a ficar excitável. Ainda não se sabe
como ocorre o estímulo que vai dizer quando o parto de fato vai ocorrer. Duas hipóteses
estão em alta: Alterações hormonais que causam a excitação da musculatura e
alterações mecânicas.
Quando
o útero começa as contrações pra valer, ou seja, rítmicas e fortes é que se
considera o trabalho de parto propriamente dito. Nesse caso, tem-se uma alta do
estrogênio em relação a progesterona, lembre-se a progesterona que mantém a
gravidez. Essas contrações têm como ator principal a ocitocina, hormônio
responsável pelas contrações uterinas e ejeção do leite. Além desses hormônios maternos,
existem hormônios fetais, entre eles, a ocitocina novamente, que também
estimulam essas contrações. Ou seja, mãe e bebê estão conectados para esse nascimento.
As
contrações vêm em ondas, de forma que empurram o bebê para baixo. A própria
distensão do útero colabora para aumento das contrações. Essas contrações seguem com intervalos cada
vez menores, isso é importante para a expulsão do bebê e as pausas para a
respiração do mesmo. As contrações por serem fortes podem diminuir ou impedir o
fluxo sanguíneo para o bebê. O uso de ocitocina sintética é perigoso porque
pode causar espasmo uterino ao invés de contração causando hipóxia ou morte do
bebê. Por isso seu uso deve ser feito com cuidado e responsabilidade.
Quando
a dilatação do útero é total (essas é uma das primeiras barreiras a ser vencida),
a bolsa rompe (esse rompimento pode ocorrer antes ou não ocorrer e o bebê
nascer empelicado), e a cabeça do bebê entra no canal do parto (em 95% dos
casos). A cabeça funciona como cunha abrindo as estruturas do canal de parto,
mas o bebê pode vir de bumbum ou mesmo com os pés.
A
própria cabeça do bebê não tem os ossos já fixos para que possa se moldar a
passagem, depois retornando ao formato normal. A famosa “Moleira” do bebê nada mais
do que a ajudinha do bebê para nascer, entre as outras funções que possui.
A dor
em todo esse processo é presente, mas massagens, a companhia de pessoas de
confiança e foco no nascimento do bebê aliviam e deixam mais afloradas a
descoberta da mulher como autora do nascimento do seu bebê. Como vimos é um
momento dos dois!
A dor
é fundamental para a fisiologia do trabalho de parto pois vai auxiliar no
processo de expulsão do bebê e prepara para o vínculo.
Marcela
Lira Correia é Mestre em biotecnologia, bióloga, estudante de farmácia e mãe.
Referências:
GUYTON, A.C.:
Fisiologia Humana. Editora Guanabara Koogan S. A., Sexta edição, 1988.
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