quinta-feira, 16 de julho de 2015

O QUE PRECISO SABER SOBRE O PARTO

Como dito em outra postagem sobre gravidez, o corpo da mulher se prepara para o parto no momento em que foi fecundado. Vários hormônios vão atuar para preparar o corpo para esse momento. Por exemplo, o estrogênio vai relaxar os ligamentos pélvicos, assim as articulações sacroilíacas vão ficar maleáveis e a sínfise púbica elástica para facilitar a passagem do bebê no canal de parto, isso tudo junto ao aumento da vagina, que por si só tem um tecido elástico. Porém o estrogênio sempre ficará diminuído em relação a progesterona, porque este último hormônio é que mantém o bebê.

Durante a gravidez a mulher tem contrações, que chamam de contrações de treino ou de Braxton Hicks. Pode ocorrer inclusive o falso trabalho de parto, onde a mulher começa a ter contrações mais fortes, rítmicas e depois involuir. Isso é natural e não há problema algum para saúde da mulher e do bebê. Óbvio, que ninguém vai ficar em casa achando que é um falso trabalho de parto. Mas não se frustre se as contrações pararem e mandarem você pra casa.

Próximo do término da gravidez, o útero começa a ficar excitável. Ainda não se sabe como ocorre o estímulo que vai dizer quando o parto de fato vai ocorrer. Duas hipóteses estão em alta: Alterações hormonais que causam a excitação da musculatura e alterações mecânicas.
Quando o útero começa as contrações pra valer, ou seja, rítmicas e fortes é que se considera o trabalho de parto propriamente dito. Nesse caso, tem-se uma alta do estrogênio em relação a progesterona, lembre-se a progesterona que mantém a gravidez. Essas contrações têm como ator principal a ocitocina, hormônio responsável pelas contrações uterinas e ejeção do leite. Além desses hormônios maternos, existem hormônios fetais, entre eles, a ocitocina novamente, que também estimulam essas contrações. Ou seja, mãe e bebê estão conectados para esse nascimento.
As contrações vêm em ondas, de forma que empurram o bebê para baixo. A própria distensão do útero colabora para aumento das contrações.  Essas contrações seguem com intervalos cada vez menores, isso é importante para a expulsão do bebê e as pausas para a respiração do mesmo. As contrações por serem fortes podem diminuir ou impedir o fluxo sanguíneo para o bebê. O uso de ocitocina sintética é perigoso porque pode causar espasmo uterino ao invés de contração causando hipóxia ou morte do bebê. Por isso seu uso deve ser feito com cuidado e responsabilidade.

Quando a dilatação do útero é total (essas é uma das primeiras barreiras a ser vencida), a bolsa rompe (esse rompimento pode ocorrer antes ou não ocorrer e o bebê nascer empelicado), e a cabeça do bebê entra no canal do parto (em 95% dos casos). A cabeça funciona como cunha abrindo as estruturas do canal de parto, mas o bebê pode vir de bumbum ou mesmo com os pés.

A própria cabeça do bebê não tem os ossos já fixos para que possa se moldar a passagem, depois retornando ao formato normal. A famosa “Moleira” do bebê nada mais do que a ajudinha do bebê para nascer, entre as outras funções que possui.
A dor em todo esse processo é presente, mas massagens, a companhia de pessoas de confiança e foco no nascimento do bebê aliviam e deixam mais afloradas a descoberta da mulher como autora do nascimento do seu bebê. Como vimos é um momento dos dois!
A dor é fundamental para a fisiologia do trabalho de parto pois vai auxiliar no processo de expulsão do bebê e prepara para o vínculo.


Marcela Lira Correia é Mestre em biotecnologia, bióloga, estudante de farmácia e mãe.
Referências:
GUYTON, A.C.: Fisiologia Humana. Editora Guanabara Koogan S. A., Sexta edição, 1988. 


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